Os perigos do sincretismo e da idolatria



Na Lei do Antigo Testamento, Deus deu ao seu povo instruções muito específicas sobre como eles deveriam se relacionar com os povos ao seu redor, inclusive em suas práticas de cultura e adoração.

Deuteronômio 12:2–8 revela princípios importantes a esse respeito. Deus ordenou que o povo destruísse os lugares onde os pagãos adoravam, incluindo os seus altares, suas colunas, suas imagens e até mesmo os nomes dos lugares deveriam ser apagados. C
laramente isso é mais do que simplesmente insistir que eles adorem ao Senhor, em vez de falsos deuses; isso também é uma forte evidência de que Deus rejeita qualquer forma de adoração que imita a adoração pagã. Tudo na cultura pagã envolve compromissos religiosos. Por isso os elementos que são absorvidos pelo significado religioso pagão devem ser rejeitados para uso na adoração. Alguém pode perguntar por que eles tiveram que destruir, por exemplo, os altares e colunas; não seriam úteis para a adoração ao Deus verdadeiro? No entanto, Deus ordenou que eles fossem destruídos. Ele resumiu Seu desejo com as palavras: "Não fareis assim para com o SENHOR, vosso Deus". Em vez disso, eles deveriam ouvir suas instruções e encontrar um local de sua escolha para o culto.

No entanto, o povo desobedeceu a esses princípios, enquanto esperava no sopé da montanha que Moisés subiu para receber as tábuas da lei. O incidente do bezerro de ouro é um fracasso terrível para esta comunidade adoradora recém-formada, mas infelizmente isso prenuncia muitas outras falhas nos dias e anos vindouros. Temendo que Moisés nunca mais voltasse, o povo exigia uma representação física da divindade, assim como as nações pagãs. Arão obedeceu, fazendo um bezerro de ouro, semelhante à prática do Egito e Canaã. O povo celebrou com um festival orgiástico (v. 6), tão barulhento que soou aos ouvidos de Josué à distância como “um barulho de guerra no acampamento” (v.17).

A maioria das pessoas provavelmente supõe que o problema dos israelitas aqui era o de adorar um deus falso. No entanto, um olhar mais atento ao que aconteceu revela algo diferente. A suposição comum é geralmente baseada no fato de que a maioria das traduções para o inglês [e português também] usa o termo "deuses" em Êxodo 32:4-6 para descrever o que eles desejavam adorar - "Estes são teus deuses, ó Israel", disse o povo. Esta é uma tradução legítima do termo hebraico Elohim nesses textos, uma referência plural à divindade comum no antigo Oriente Próximo.

No entanto, esse mesmo termo (em sua forma plural) também é usado em outros lugares para se referir inquestionavelmente ao Deus verdadeiro, e outras pistas no texto indicam que as pessoas estavam realmente tentando adorar o Deus verdadeiro. Um exemplo claro é o que Arão diz no versículo cinco: "Amanhã, será festa ao SENHOR (Yahweh)". Claramente, a tentativa aqui foi adorar o Deus verdadeiro através do bezerro de ouro. Moisés tornou esse fato explícito quando relatou esse evento no final de sua vida em Deuteronômio 9:16: “Olhei, e eis que havíeis pecado contra o SENHOR, vosso Deus 
(Yahweh Elohim); tínheis feito para vós outros um bezerro fundido; cedo vos desviastes do caminho que o SENHOR vos ordenara". Sua declaração final descreve exatamente o que havia de errado com o que eles fizeram - eles não seguiram os mandamentos de Deus em relação à adoração.

A motivação deles poderia, de fato, ter sido nobre. Eles poderiam realmente estar tentando demonstrar honra ao Deus verdadeiro, erigindo um símbolo de força e nobreza em seu nome. No entanto, o que esse evento deixa claro é que Deus rejeita a adoração a Ele em formas impróprias. Ele tem o direito de dizer ao seu povo como ele quer ser adorado, e seu povo deve seguir essas instruções à risca. Este evento também é uma ilustração de um problema que atormentará a adoração hebraica por muito tempo - sincretismo. Eles misturavam a adoração verdadeira com a falsa. Eles estavam tentando adorar o objeto certo, mas estavam fazendo isso não apenas por meios que Deus não havia prescrito, mas também por meios que eles copiavam das nações pagãs ao seu redor. Deus sempre rejeita esse tipo de adoração.

Outro exemplo desse princípio é encontrado em Levítico 10:1–3 , após a conclusão do tabernáculo. Aqui os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, são severamente punidos por Deus por sua adoração. Qual foi o problema deles? O fracasso deles não ocorreu porque tentaram adorar um deus falso ou que tentaram adorar o Deus verdadeiro da maneira que ele havia proibido. O pecado deles foi que, como diz o texto, eles “ofereceram fogo não autorizado ao Senhor, o que ele não lhes ordenou”.

Esse relato enfatiza que Deus não se preocupa apenas com os motivos do coração - embora isso seja certamente central -, nem se preocupa simplesmente com o fato de as pessoas o adorarem sozinho - embora isso seja verdade. Ele também está preocupado com o fato de seu povo o adorar da maneira correta, o que inclui não adorar de maneiras que ele proibiu ou inventar novas maneiras de adorar que ele não ordenou.

Somente Deus tem autoridade para estabelecer práticas de adoração.

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